domingo, 30 de setembro de 2012

Entrevista com Murilo de Souza

Na estreia do Portal Afro, convidamos Murilo Alves de Sousa, músico organizador do grupo de dança afro Ylajú e idealizador do Projeto Dara Palmares em Volta Redonda-RJ., para contar mais a respeito desse projeto que reúne oficinas de percussão, canto, dança e informática para crianças e jovens. Com sede no Clube Palmares, o projeto conta com o patrocínio do governo federal e atende a aproximadamente 50 (cinquenta) jovens da cidade.
Fonte: Murilo de Souza
Portal Afro: Murilo, de onde surgiu a ideia da criação do grupo de dança Ylajú e do Projeto Dara Palmares? Um aconteceu em decorrência do outro?
Murilo: O projeto de dança era um sonho antigo e em conversa com minha amiga Janaína Silva, resolvemos criar o grupo de dança afro. Minha responsabilidade é a percussão e a Janaína trabalha a dança. No começo foi uma loucura, montávamos as peças, ensaiávamos as coreografias e os cantos aqui em casa mesmo. Era eu quem confeccionava as roupas e as indumentárias. No dia 19.11.2006 fizemos nossa 1ª apresentação no Clube Santos em Pinheiral. O sucesso foi tanto que começamos a sonhar mais alto. Num primeiro momento, pensamos em uma companhia de dança afro. Depois pensamos num projeto maior. Muitos políticos e candidatos nos procuraram com promessas de ajuda, então, coloquei nossas ideias num papel, elaboramos um projeto e mostrei a todos que nos ofereciam ajuda, mas nada aconteceu. Certa vez, a representante de uma deputada me procurou e pediu uma cópia do projeto que eu havia montado. Pediu ainda uma planilha com todo material necessário para o desenvolvimento do trabalho, como instrumentos e roupas. Eu precisava ainda de um nome forte para o projeto, um nome em dialeto yorubá. Escolhi “Ylajú”, que significa “tradição” em português. Fiz exatamente tudo como me foi pedido. O projeto foi para Brasília em 2007 porque precisava ser aprovado pelo Ministério da Cultura. Acredito que o nome escolhido foi “ewá dará”: o projeto foi aprovado em 2009, claro, com modificações. Em seguida, o projeto foi parar nas mãos do Sr. Laureano, diretor do Clube Palmares de Volta Redonda, que, sabendo da minha participação ativa na elaboração do projeto, nos cedeu o espaço que precisávamos para a implantação do projeto e convidou Janaína e eu para sermos os educadores. Hoje o projeto se chama Dará Palmares e surgiu sim em decorrência do grupo de dança afro Ylajú.
 
Portal Afro: Qual(is) é(são) o(s) principal(is) objetivo(s) do projeto?
Murilo: Buscar, resgatar, manter e divulgar a cultura afro brasileira.
 
Portal Afro: Hoje o projeto atinge aproximadamente 50 (cinquenta) jovens de Volta Redonda. Qual é o critério para a inscrição? Existem vagas abertas? Como podem ser feitas as inscrições?
Murilo: Bem, temos várias oficinas. Cada oficina é oferecida para até 20 (vinte) alunos de ambos os sexos à partir dos 10 anos de idade. Para as oficinas de dança e percussão é preciso que os menores de idade tragam seus pais para a realização da matrícula. Existem vagas abertas em Volta Redonda e as inscrições podem ser feitas na sede do Clube Palmares ou em contato comigo. Em Barra Mansa já estamos com uma turma de percussão também, onde minhas aulas tem cunho religioso. Em Volta Redonda tenho as aulas de percussão voltadas para os ritmos de axé, olodum, timbalada, etc.
 
Portal Afro: Você é um percussionista conhecido em nossa região. Quando, como e com quem você aprendeu a tocar? Além da percussão, você toca outro instrumento musical?
Murilo: Sou autodidata. Aprendi vendo e ouvindo meu pai que adorava música e festas. Hoje toco qualquer instrumento de percussão.
 
Portal Afro: Deixe-nos uma mensagem sobre a importância da divulgação da cultura afro no Brasil:
Murilo: Dar visibilidade à cultura e à memória coletiva afro-brasileira, tanto no que diz respeito à História e Cultura Afro-Brasileira e Africana quanto às questões do cotidiano que ligam o presente ao passado. É preciso contribuir para a emergência das identidades individuais e coletivas presentes na cultura afro-brasileira, por meio do resgate e registro de valores compartilhados, promovendo a autoestima da população negra.

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