Há anos atrás, ainda na faculdade, montei uma aula
sobre as origens do samba. A história é tão linda e fascinante, que
precisarei de três ou quatro semanas para contar tudo o que encontrei em
minhas pesquisas.
Resolvi começar essa semana. Espero que divirtam-se nessa viagem ao tempo tanto quanto eu.
O “samba” é um gênero musical do qual deriva um tipo de dança.
Existem várias versões acerca do nascimento do termo “samba”. Uma delas
afirma ser originário do termo “zambra” ou “zamba”, oriundo da língua
árabe. Outra diz que é originário de uma das muitas língua africanas,
possivelmente do quimbundo, onde “sam” significa “dar” e “ba” significa
“receber” ou “coisa que cai”. Numa outra versão, o termo viria da
palavra também africana “semba” que significa “umbigada”.
Em meados do século XIX, a palavra “samba” definia diferentes tipos
de música introduzidas pelos escravos africanos no Brasil, que eram
sempre conduzidas por batuques produzidos por atabaques (instrumentos de
percussão) e com o passar dos anos, assumiu características
particulares de cada região do país. Hoje o samba é considerado uma das
principais manifestações culturais populares brasileiras.
O primeiro ritmo denominado samba surgiu no Recôncavo Baiano e foi
denominado samba de roda. Tocado por atabaques, pandeiros, berimbau,
violas e chocalhos, o samba de roda designa uma mistura de dança,
música, festa e poesia. O samba de roda baiano tornou-se em 2005,
Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
Quando foi levado para várias partes do Brasil, inclusive para o Rio de Janeiro, na época capital do Brasil. E foi no Rio de Janeiro que o
samba tornou a cidade conhecida como a capital mundial do samba
brasileiro. Foi no Rio de Janeiro ainda que o samba se estabeleceu
especialmente na zona urbana como movimento social, como uma forma do
negro enfrentar a perseguição e a rejeição de toda uma sociedade
branca-burguesa, que via nas manifestações culturais negras, uma
violação dos valores morais, atribuindo aos negros desde uma simples
confusão até supostos rituais demoníacos através do culto aos orisás do
candomblé, religião importantíssima para o povo africano.
No final do século XIX, início do século XX, o samba cantado e
dançado pelos negros, encontrou outros gêneros musicais da época, como a
polca, o maxixe, o lundu, o xote, entre outros. Sob essas influências, o
samba adquiriu um caráter particular em cada estado do Brasil. No Rio
de Janeiro, o samba carioca saiu da categoria “regional”, alcançando a
condição de símbolo da identidade nacional brasileira na década de 30
até os dias atuais.
Considero a história do samba dividida algumas gerações. A primeira
delas iniciou em 1917 com a gravação do primeiro samba no Brasil chamado
“Pelo telefone”, de autoria de Donga (Ernesto dos Santos) com
co-autoria de Mauro de Almeida, cronista carnavalesco.
Na verdade, “Pelo telefone” foi uma criação coletiva de músicos que
participavam das festas na casa de tia Ciata, mas foi registrada por
Donga e Almeida na Biblioteca Nacional. Foi a primeira composição a
alcançar sucesso como “samba” e contribuiu muito para a divulgação e
popularização do gênero, que inicialmente foi associado ao carnaval e
posteriormente ganhou seu lugar no mercado musical.
Ainda nessa primeira geração, surgiram Heitor dos Prazeres, João da
Baiana, Pixinguinha e Sinhô, que compunham um samba que, devido a sua
influência, foram chamados de sambas-maxixe.
Na próxima semana, espero vocês para falarmos daquela que considero a
segunda geração do samba no Brasil, onde surgiram os compositores dos
blocos carnavalescos.
Dulce Sales
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