domingo, 21 de outubro de 2012

As origens do samba - um ritmo, uma dança

Há anos atrás, ainda na faculdade, montei uma aula sobre as origens do samba. A história é tão linda e fascinante, que precisarei de três ou quatro semanas para contar tudo o que encontrei em minhas pesquisas.
Resolvi começar essa semana. Espero que divirtam-se nessa viagem ao tempo tanto quanto eu.
O “samba” é um gênero musical do qual deriva um tipo de dança. Existem várias versões acerca do nascimento do termo “samba”. Uma delas afirma ser originário do termo “zambra” ou “zamba”, oriundo da língua árabe. Outra diz que é originário de uma das muitas língua africanas, possivelmente do quimbundo, onde “sam” significa “dar” e “ba” significa “receber” ou “coisa que cai”. Numa outra versão, o termo viria da palavra também africana “semba” que significa “umbigada”.
Em meados do século XIX, a palavra “samba” definia diferentes tipos de música introduzidas pelos escravos africanos no Brasil, que eram sempre conduzidas por batuques produzidos por atabaques (instrumentos de percussão) e com o passar dos anos, assumiu características particulares de cada região do país. Hoje o samba é considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras.
O primeiro ritmo denominado samba surgiu no Recôncavo Baiano e foi denominado samba de roda. Tocado por atabaques, pandeiros, berimbau, violas e chocalhos, o samba de roda designa uma mistura de dança, música, festa e poesia. O samba de roda baiano tornou-se em 2005, Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
Quando foi levado para várias partes do Brasil, inclusive para o Rio de Janeiro, na época capital do Brasil. E foi no Rio de Janeiro que o samba tornou a cidade conhecida como a capital mundial do samba brasileiro. Foi no Rio de Janeiro ainda que o samba se estabeleceu especialmente na zona urbana como movimento social, como uma forma do negro enfrentar a perseguição e a rejeição de toda uma sociedade branca-burguesa, que via nas manifestações culturais negras, uma violação dos valores morais, atribuindo aos negros desde uma simples confusão até supostos rituais demoníacos através do culto aos orisás do candomblé, religião importantíssima para o povo africano.
No final do século XIX, início do século XX, o samba cantado e dançado pelos negros, encontrou outros gêneros musicais da época, como a polca, o maxixe, o lundu, o xote, entre outros. Sob essas influências, o samba adquiriu um caráter particular em cada estado do Brasil. No Rio de Janeiro, o samba carioca saiu da categoria “regional”, alcançando a condição de símbolo da identidade nacional brasileira na década de 30 até os dias atuais.
Considero a história do samba dividida algumas gerações. A primeira delas iniciou em 1917 com a gravação do primeiro samba no Brasil chamado “Pelo telefone”, de autoria de Donga (Ernesto dos Santos) com co-autoria de Mauro de Almeida, cronista carnavalesco.
Na verdade, “Pelo telefone” foi uma criação coletiva de músicos que participavam das festas na casa de tia Ciata, mas foi registrada por Donga e Almeida na Biblioteca Nacional. Foi a primeira composição a alcançar sucesso como “samba” e contribuiu muito para a divulgação e popularização do gênero, que inicialmente foi associado ao carnaval e posteriormente ganhou seu lugar no mercado musical.
Ainda nessa primeira geração, surgiram Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô, que compunham um samba que, devido a sua influência, foram chamados de sambas-maxixe.
Na próxima semana, espero vocês para falarmos daquela que considero a segunda geração do samba no Brasil, onde surgiram os compositores dos blocos carnavalescos.

Dulce Sales

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